segunda-feira, 29 de abril de 2019

O Eu

"Se alguém se estima, devia vigiar-se com diligência.
Que o homem sábio mantenha a vigília em qualquer uma das três
vigílias da noite.
 Primeiro uma pessoa deve estabelecer-se no que é próprio; só então deve instruir os outros.
 Assim, o homem sábio não será repreendido.
 Uma pessoa deve fazer primeiro aquilo que ensina os
outros a fazer; se uma pessoa treina os outros, deve ter ela mesma autodomínio. 
Difícil na verdade é o autodomínio.
Uma pessoa é na realidade, o protetor de si mesmo;
quem mais o poderia ser? Totalmente controlada, a pessoa ganha uma mestria difícil de obter.
O mal que o homem ignorante faz a si próprio, mal esse
nascido e produzido por si, tritura-o como um diamante tritura
uma dura pedra preciosa.
 Assim como uma trepadeira estrangula a árvore onde
cresce, assim também, um homem depravado se prejudica a si
mesmo como só um inimigo poderia desejar fazer.
 Fáceis de fazer ao próprio. são as coisas prejudiciais. Mas,
são extremamente difíceis de fazer são as coisas benéficas."
Trecho do livro Dhammapada 

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Sobre Fazer o Bem

Numa conversa à noite, meu Mestre disse:
“Ao fazer o bem, todos querem divulgar o fato aos quatro ventos; ao fazer o mal, todos procuram esconder suas ações. Logo, esta ação egoísta não encontra ecos nas entidades protetoras invisíveis da pessoa, que tudo veem. Logo, ao fazerem o bem, as pessoas não recebem benefícios ligados ao bem que fizeram, e ao fazerem o mal são castigadas pelo mal que cometeram. Não compreendendo isto, lamentam-se futilmente: 'As boas ações não são acompanhadas de bons efeitos. O mérito do budismo também é nulo.' Esta mentalidade errônea há que se endireitar.
“Devemos fazer o bem sem sermos notados, e do mal que por acaso tivermos feito por engano devemos nos arrepender diante do Buddha; e nossas ações secretas nunca deixarão de encontrar eco nas divindades protetoras invisíveis, e nossos erros, que os mostramos desta forma, em vez de ocultá-los, serão saneados completamente. Assim, naturalmente seremos abençoados com bons frutos na existência seguinte, bem como na presente.”

      Trecho do livro Shobogenzo Zuimonki

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Sobre Sua Prática


"Se você encontrar dificuldades em sua prática, é sinal de que tem alguma ideia errada a respeito dela e convém tomar cuidado. Mas não abandone a prática; continue com ela ciente da sua fragilidade.
Aqui não há ideia de ganho. Aqui não há ideia fixa de conquista. Você não diz "isto é iluminação" ou "essa não é a prática correta". Mesmo na prática errada, desde que tome consciência do fato e persevere, sua prática estará sendo correta. Nossa prática pode não ser perfeita, mas temos de continuar, sem permitir que isso nos desencoraje. Esse é o segredo da prática.
E se você quiser encontrar algum incentivo dentro do seu desânimo, o próprio cansar-se da prática já é por si só um estímulo. Encoraje a si próprio quando estiver cansado dela. O não querer fazê-la é um sinal de aviso. É como a dor provocada pelo dente que não está bom. Quando você sente dor de dentes você vai ao dentista. Esse é o nosso caminho.
A causa do conflito é alguma ideia preconcebida ou unilateral. Quando todos reconhecerem o valor da prática pura, haverá poucos conflitos em nosso mundo. Este é o segredo da nossa prática e o caminho do mestre Dogen. Dogen insiste nesta questão no livro Shobogenzo ("Um tesouro do verdadeiro Darma").
Se você entender que a causa do conflito está nas ideias preconcebidas ou unilaterais, pode encontrar sentido em várias práticas sem se deixar prender por nenhuma delas. Se não se aperceber disso, você poderá facilmente ficar aprisionado a alguma forma particular e dirá: "Isto é iluminação! Esta é a prática perfeita. Este é o nosso caminho; os outros não são perfeitos. Este é o melhor caminho".
Grande equívoco. Na verdadeira prática não há caminho especial. Você deve descobrir seu próprio caminho e específica, você deve limitar sua atividade. Quando sua mente está vagando por outros lugares, você não tem oportunidade de expressar a si próprio. Mas se limitar sua atividade àquilo que está fazendo agora mesmo, neste exato momento, então você pode expressar sua verdadeira natureza de forma plena, que é a natureza universal de Buda. Este é o nosso caminho.
Quando praticamos zazen, restringimos ao máximo nossa atividade. Expressamos a natureza universal apenas mantendo a postura correta e a concentração no sentar. Então nos tornamos Buda e expressamos sua natureza.
Em vez de termos um objeto de devoção, simplesmente nos concentramos na atividade que temos a cada momento. Quando se prostrar, deve apenas prostrar-se, quando se sentar, apenas sentar-se, enquanto come, apenas comer!
Desse modo, a natureza universal estará presente. Em japonês, diz-se ichigyo-zammai ou "samádi da ação única". Zammai (samádi) é "concentração". Ichigyo é "prática única".
Acho que alguns de vocês, que praticam zazen aqui, podem acreditar em alguma outra religião. Isso não tem importância alguma. Nossa prática não tem nada a ver com crenças religiosas, sejam elas quais forem. E vocês não precisam hesitar em praticar nosso caminho pelo fato de ele não ter nada a ver com cristianismo, xintoísmo ou hinduísmo. Nossa prática é para todos. Geralmente, quando alguém acredita em alguma religião em particular, sua atitude se torna como um ângulo cada vez mais agudo e apontado para fora de si. Mas o nosso caminho não é esse. Em nosso caminho, o vértice desse ângulo sempre aponta para nós mesmos. Por isso, não há por que se preocupar com a diferença entre o budismo e a religião que vocês seguem."
Do livro Mente Zen, Mente de Principiante - mestre Shunryu Suzuki

terça-feira, 16 de abril de 2019

Sobre a Prática do Bem

" Sê diligente a fazer o bem; refreia a tua mente de fazer
o mal. Quem é lento a fazer o bem, sua mente deleita-se no mal.
 Se uma pessoa cometer o mal, que ela não o repita. Que
não encontre aí prazer, pois penosa é a acumulação do mal.
 Se uma pessoa fizer o bem, que o faça repetidamente.
Que aí encontre prazer, pois abençoada é a acumulação do bem.
 Tudo pode correr bem com aquele que faz o mal, enquanto o mal não amadurece. 
Mas quando o mal amadurece, o
malfeitor vê (penosos resultados) as suas más ações.
Tudo pode correr mal com aquele que faz o bem, enquanto o bem não amadurece.
 Mas quando o bem amadurece,
então o benfeitor vê (bons resultados) as suas boas ações.
 Que não se pense levianamente acerca do mal, dizendo:
A mim ele não me tocará.” A água que cai em gotas enche um
cântaro. Da mesma forma, o tolo, pouco a pouco, enche-se de mal.
Que não se pense levianamente acerca do bem, dizendo: “A mim ele não me tocará.” 
A água que cai em gotas enche
um cântaro. Da mesma forma, o sábio, pouco a pouco, enche-se
de bem."
Buda
Trecho do livro Dhammapada

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Como Uma Flor


"Que ninguém procure o defeito nos outros; que ninguém
observe as omissões e ações dos outros. Mas observemos os
nossos próprios atos.
Tal como uma flor bonita cheia de cores mas sem fragrância, 
da mesma maneira, infrutíferas são as palavras justas de
quem não as pratica.
 Tal como uma flor bonita cheia de cor e também fragrância, 
da mesma maneira, frutuosas são as palavras justas de quem
as pratica."
Buda  
Do livro Dhammapada - de Buddharakkhita